Nos últimos anos tem crescido significativamente o interesse da comunidade científica em compreender de que forma as intervenções baseadas no exercício físico regular podem prevenir e mitigar as consequências das doenças neurodegenerativas. Hoje sabe-se que o exercício é neuroprotetor e tem impacto nas funções motoras e cognitivas, considerando os seus benefícios a longo prazo, quando praticado com consistência.
Sabemos que “se o exercício pudesse ser colocado num comprimido, seria, de longe, o medicamento mais prescrito e benéfico” – o que reforça a sua importância na prevenção da doença, através da promoção da saúde e bem-estar, mas também no tratamento de condições já existentes.
As doenças do movimento, como a Doença de Parkinson, os Parkinsonismos atípicos e a Esclerose Múltipla, bem como as demências, como a Doença de Alzheimer, têm um impacto profundo na qualidade de vida dos doentes e dos cuidadores.
Neste contexto, a intervenção da fisioterapia é baseada em exercício e demonstra ser crucial no controlo dos sintomas destas patologias, desde o momento do diagnóstico e ao longo do decurso da doença.
- Qual o momento certo para iniciar?
A fisioterapia, integrada numa colaboração interdisciplinar, deve ser iniciada o mais cedo possível – mesmo quando os sintomas são ligeiros. Assim, permite o aumento da eficácia no ensino da autogestão da doença, promove a adesão a longo prazo e incentiva o compromisso com o exercício. Em estados mais avançados da doença, a abordagem deve ser ajustada para aumentar a especificidade, de acordo com a evolução dos sintomas.
A prescrição da fisioterapia tem como objetivo melhorar as capacidades motoras e a participação social das pessoas. O tipo de exercício a realizar pode ser abrangente, desde que seja desafiante e motivador para quem o pratica. Intervenções específicas, como o treino de marcha, treino de equilíbrio, e de capacidade física, são implementadas com o objetivo de maximizar a funcionalidade e a qualidade de vida.
Em suma, a abordagem centrada no movimento, aliada a um conhecimento abrangente da pessoa, contribui significativamente para a manutenção da autonomia, para a melhoria da qualidade de vida e para o controlo da progressão destas doenças. Investir precocemente em rotinas de exercício e de reabilitação é essencial para enfrentar os desafios impostos pelo processo neurodegenerativo.
Tp. Verónica Caniça, Fisioterapeuta
CNS – Campus Neurológico